A vacina contra HPV será oferecida a partir de março deste ano, pelo
Programa Nacional de Imunizações (PNI), para meninas dos 11 aos 13 anos
de idade. Trata-se de um ganho enorme na prevenção contra o câncer do colo
de útero e de outras localizações.
A jornalista da Folha de São Paulo, Cláudia Collucci, divulgou matéria
interrogando a importância da vacinação contra HPV. Em uma época que
existe a possibilidade de fazermos vacinação em massa, gratuitamente, para
prevenção de uma doença que mata cerca de quatro mil mulheres por ano no
país, ler um artigo como este me deixa indignada. Acesse o artigo da jornalista
no link: http://folha.com/no1403702.
A SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e a SBIM (Associação Brasileira de
Imunizações) publicaram nota, replicada abaixo, contestando a matéria:
“SBIm e SBP enfatizam a importância da vacina HPV
Com relação ao texto veiculado no jornal “Folha de São Paulo” na coluna da
jornalista Cláudia Collucci, do dia 28 de janeiro, a Sociedade Brasileira de
Imunizações (SBIm) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) reiteram a
importância da vacinação contra o HPV na prevenção não apenas do câncer
de colo uterino, mas também de neoplasias em outros órgãos (ânus, pênis,
boca, vagina etc.).
Sabemos que o câncer de colo de útero é o segundo mais frequente entre as
brasileiras – o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima em 18 mil o número
de novos casos diagnosticados por ano, infelizmente com alta mortalidade, a
despeito da existência do teste preventivo Papanicolau.
As milhões de doses já aplicadas, em todo o mundo, atestam a segurança e
a eficácia das vacinas hoje disponíveis. No caso específico do HPV, países
como Austrália, Canadá, Estados Unidos, Inglaterra, entre outros, introduziram
a vacina em seus programas públicos de imunização e hoje já colhem bons
resultados na prevenção.
Temos absoluta convicção, de que a melhor forma de enfrentarmos o câncer
de colo de útero é a estratégia que combina a prevenção primária (vacina) –
forma mais eficiente de evitar a infecção – com a secundária, que detecta as
lesões de colo (Papanicolau).
A inexistência de um contraponto por parte das autoridades de saúde,
infelizmente, acabou privando o leitor da possibilidade de avançar em
suas reflexões e de fazer sua escolha de forma mais consciente. A seguir,
destacamos alguns dos principais equívocos:
1. “A eficácia da vacina foi verificada apenas em meninas sem vida
sexual”. Não é verdade. Os estudos que permitiram o licenciamento da
vacina incluíram também mulheres com vida sexual ativa, em número
suficientemente elevado para permitir conclusões categóricas quanto à
eficácia e segurança.
2. “… podemos dizer que se alguém já iniciou sua vida sexual a chance de
ter sido contaminado pelo vírus é de quase 100%. Ou seja, se a pessoa
não é mais virgem, tomar a vacina não vai fazer nenhum efeito…”.
A infecção por alguns dos tipos de HPV é realmente precoce. Dois
anos após o início da vida sexual ativa, cerca de 50% das pessoas se
infectaram com algum tipo de HPV. Como há mais de 100 subtipos
desse vírus, a chance de uma pessoa ter sido infectada por todos eles
é praticamente zero. Portanto e enfaticamente, embora por razões
óbvias, o ideal de vacinar antes do início da vida sexual não representa
limitação ao uso da vacina nem diminui sua relevância na prevenção. É
importante salientar que mesmo em países como EUA, Reino Unido e
Austrália, com excelentes programas de prevenção de câncer, o exame
Papanicolau, isoladamente, não foi capaz de eliminar o problema e é por
isso que esses países criaram programas públicos de vacinação contra
o HPV. Trata-se de estratégias complementares, não excludentes.
3. Quanto aos eventos adversos citados, eles apresentam reversão rápida
sem qualquer consequência residual e não se comprovou relação
causal com a vacina, e sim temporal (ocorreram até algumas semanas
após a vacinação). Mas, não é possível afirmar que não se trate
apenas de coincidência (isso porque a frequência de cada um desses
eventos é extremamente baixa). Em relação aos desmaios, este é um
fenômeno extremamente comum na adolescência e está relacionado à
administração de qualquer medicação ou vacina injetáveis” (SIC)
Acesso ao artigo SBM e SBIM aqui.
Acredito ser esta a hora de incentivarmos os pais a permitirem a vacinação
de suas filhas. O exame de Papanicolaou é preventivo para o câncer de colo
de útero, mas a maioria das mulheres não o faz com a regularidade exigida,
caso contrário, não teríamos o número alarmante de mulheres acometidas pelo
câncer.
A vacinação é indicada para mulheres e homens, mesmo fora desta faixa
etária. Neste caso, a aplicação é realizada em clínicas de vacinação privadas.
Dra. Eliane Milhorim da Silva
Diretora da AMO Prevenir - Clínica de Vacinação