A VACINA CONTRA HPV

20 de Fevereiro de 2014

A vacina contra HPV será oferecida a partir de março deste ano, pelo 

Programa Nacional de Imunizações (PNI), para meninas dos 11 aos 13 anos 

de idade. Trata-se de um ganho enorme na prevenção contra o câncer do colo 

de útero e de outras localizações. 


A jornalista da Folha de São Paulo, Cláudia Collucci, divulgou matéria 

interrogando a importância da vacinação contra HPV. Em uma época que 

existe a possibilidade de fazermos vacinação em massa, gratuitamente, para 

prevenção de uma doença que mata cerca de quatro mil mulheres por ano no 

país, ler um artigo como este me deixa indignada. Acesse o artigo da jornalista 

no link: http://folha.com/no1403702.


A SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) e a SBIM (Associação Brasileira de 

Imunizações) publicaram nota, replicada abaixo, contestando a matéria:

“SBIm e SBP enfatizam a importância da vacina HPV

Com relação ao texto veiculado no jornal “Folha de São Paulo” na coluna da 

jornalista Cláudia Collucci, do dia 28 de janeiro, a Sociedade Brasileira de 

Imunizações (SBIm) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) reiteram a 

importância da vacinação contra o HPV na prevenção não apenas do câncer 

de colo uterino, mas também de neoplasias em outros órgãos (ânus, pênis, 

boca, vagina etc.).


Sabemos que o câncer de colo de útero é o segundo mais frequente entre as 

brasileiras – o Instituto Nacional do Câncer (INCA) estima em 18 mil o número 

de novos casos diagnosticados por ano, infelizmente com alta mortalidade, a 

despeito da existência do teste preventivo Papanicolau.


As milhões de doses já aplicadas, em todo o mundo, atestam a segurança e 

a eficácia das vacinas hoje disponíveis. No caso específico do HPV, países 

como Austrália, Canadá, Estados Unidos, Inglaterra, entre outros, introduziram 

a vacina em seus programas públicos de imunização e hoje já colhem bons 

resultados na prevenção.


Temos absoluta convicção, de que a melhor forma de enfrentarmos o câncer 

de colo de útero é a estratégia que combina a prevenção primária (vacina) – 

forma mais eficiente de evitar a infecção – com a secundária, que detecta as 

lesões de colo (Papanicolau).


A inexistência de um contraponto por parte das autoridades de saúde, 

infelizmente, acabou privando o leitor da possibilidade de avançar em 

suas reflexões e de fazer sua escolha de forma mais consciente. A seguir, 

destacamos alguns dos principais equívocos:


1. “A eficácia da vacina foi verificada apenas em meninas sem vida 

sexual”. Não é verdade. Os estudos que permitiram o licenciamento da 

vacina incluíram também mulheres com vida sexual ativa, em número 

suficientemente elevado para permitir conclusões categóricas quanto à 

eficácia e segurança.


2. “… podemos dizer que se alguém já iniciou sua vida sexual a chance de 

ter sido contaminado pelo vírus é de quase 100%. Ou seja, se a pessoa 

não é mais virgem, tomar a vacina não vai fazer nenhum efeito…”. 

A infecção por alguns dos tipos de HPV é realmente precoce. Dois 

anos após o início da vida sexual ativa, cerca de 50% das pessoas se 

infectaram com algum tipo de HPV. Como há mais de 100 subtipos 

desse vírus, a chance de uma pessoa ter sido infectada por todos eles 

é praticamente zero. Portanto e enfaticamente, embora por razões 

óbvias, o ideal de vacinar antes do início da vida sexual não representa 

limitação ao uso da vacina nem diminui sua relevância na prevenção. É 

importante salientar que mesmo em países como EUA, Reino Unido e 

Austrália, com excelentes programas de prevenção de câncer, o exame 

Papanicolau, isoladamente, não foi capaz de eliminar o problema e é por 

isso que esses países criaram programas públicos de vacinação contra 

o HPV. Trata-se de estratégias complementares, não excludentes.


3. Quanto aos eventos adversos citados, eles apresentam reversão rápida 

sem qualquer consequência residual e não se comprovou relação 

causal com a vacina, e sim temporal (ocorreram até algumas semanas 

após a vacinação). Mas, não é possível afirmar que não se trate 

apenas de coincidência (isso porque a frequência de cada um desses 

eventos é extremamente baixa). Em relação aos desmaios, este é um 

fenômeno extremamente comum na adolescência e está relacionado à 

administração de qualquer medicação ou vacina injetáveis” (SIC)

Acesso ao artigo SBM e SBIM aqui.


Acredito ser esta a hora de incentivarmos os pais a permitirem a vacinação 

de suas filhas. O exame de Papanicolaou é preventivo para o câncer de colo 

de útero, mas a maioria das mulheres não o faz com a regularidade exigida, 

caso contrário, não teríamos o número alarmante de mulheres acometidas pelo 

câncer.


A vacinação é indicada para mulheres e homens, mesmo fora desta faixa 

etária. Neste caso, a aplicação é realizada em clínicas de vacinação privadas.


Dra. Eliane Milhorim da Silva

Diretora da AMO Prevenir - Clínica de Vacinação