OUTUBRO ROSA

01 de Outubro de 2014

Alguns tipos de cânceres têm maior magnitude e são passíveis de prevenção primária (prevenção da ocorrência) ou secundária (detecção precoce). O mês de Outubro é voltado para a campanha de detecção precoce do câncer de mama, além disso, algumas cidades realizam mutirões de Papanicolaou (exame de detecção precoce para o câncer de colo do útero).


Nos países desenvolvidos, o câncer de mama tem uma incidência muito alta. Devido a tantas vítimas dessa doença e às possibilidades de cura quando se descobre o câncer o estágio inicial criou-se o Outubro Rosa. Em Uberaba, o mês de Outubro não é só para voltado para as mamas, é também voltado para o câncer de colo do útero. São realizados mutirões dos exames Papanicolau e mamografia.


O exame da mamografia, dependendo da mama causa desconforto. “Não é o tamanho da mama que causa a dor; é possível fazer mamografia até em homem. O detalhe é a expansibilidade do tecido da mama para que a mesma entre no aparelho e sejam realizadas as duas incidências básicas do exame. Portanto, não é o tamanho; é uma questão estrutural mesmo”, explica a especialista em Mastologia, Dra. Tânia Maria de Oliveira.


O Ministério da Saúde optou por investir na campanha voltada somente para o Câncer de Mamas devido ao número alto de pacientes diagnosticadas com a doença. Depois do câncer de pele, 1º lugar em incidência em homens e mulheres, o de próstata é o 2º mais incidente nos homens e o de mama é o 2º mais incidente nas mulheres. No Brasil, nas regiões sul, sudeste e centro-oeste a quantidade maior de casos é de câncer de mama, já no norte e nordeste, o câncer de colo do útero é o primeiro lugar.


De acordo com a Dra. Tânia, dados do INCA (Instituto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva) mostram 57.120 casos novos de câncer de mama, com risco estimado de 56,06 casos a cada 100.000 mulheres. A sobrevida das pacientes com câncer nos países desenvolvidos vem aumentando nos últimos 40 anos, sendo 85% em cinco anos. Já em países em desenvolvimento está entre 50% e 60%. É a maior causa de morte de câncer em mulheres em todo o mundo. Sendo o 1º lugar em países em desenvolvimento e 2º lugar em países desenvolvidos, atrás apenas do câncer de pulmão.


Os fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de mama são: idade (aumentada até os 50 anos), história reprodutiva da mulher, genética, consumo de álcool, excesso de peso, sedentarismo, exposição à radiação ionizante e alta densidade do tecido mamário. “Amamentação, atividade física e alimentação saudável com a manutenção do peso corporal estão associados a menor risco de desenvolver câncer de mama”, revela a especialista.


Já sobre o câncer de colo do útero serão 15.590 casos novos previstos para 2014 no Brasil. Serão 15,33 mulheres entre 100.000 mulheres, serão diagnosticadas com esse tipo de câncer. A sobrevida, de acordo com o INCA, chega a 70%. O principal fator de risco é o Papiloma Vírus Humano (HPV), imunidade baixa, comportamento sexual, genética e tabagismo.


A maioria das Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade possui ginecologistas, os quais farão a coleta do Papanicolau e o exame físico das mamas, ou seja, o exame de palpação das mamas. “Nós ensinamos a paciente fazer o autoexame e fazemos o exame clínico. Não é em qualquer época do mês que se pode fazer a palpação, isso porque a variação de hormônio ao longo dos ciclos menstruais faz as mamas ficarem com as glândulas mais turgidas no período pré-menstrual. Em geral, deve ser feito depois da menstruação, na semana seguinte”, explica a especialista.


A ginecologista, também especialista em mastologia, Dra. Tânia ensina o passo a passo do autoexame das mamas:

“É preciso ficar de pé em frente ao espelho, com as mãos descansadas para baixo, desse modo não há contração do musculo peitoral (esta é a inspeção estática). Olhe para as mamas através do espelho e veja se tem abaulamento ou alguma retração. Olhe os mamilos e a aréola.”

“Estando tudo bem, eleve os braços atrás do pescoço, para que contraia o musculo peitoral, e se tiver alguma retração ou abaulamento, vai aparecer. Esta é a inspeção dinâmica, feita com os braços atrás do pescoço.”

“Daí se inicia a palpação: a mão de um lado examina a mama do outro lado, a mama que está sendo examinada fica com a mão atrás do pescoço. Com os dedos fará um movimento de dedilhar, como um piano, de cima para baixo, começando pela axila. Divida a mama em quatro partes e vai descendo até o final da mama.”

“Terminou o dedilhado é hora dos movimentos circulares com os três ou quatro dedos, exceto o polegar. Ao fim, pressione o mamilo para ver se sai algum líquido e repita tudo do outro lado.”

“Se achar algum carocinho de um lado, não precisa ficar focada naquele lado, basta verificar o outro lado e comparar se tem alguma igualdade. Se tiver alguma coisa de um lado que não tem do outro, é uma alteração que precisa investigar.”


A mamografia serve para ver as alterações não palpáveis. Alguns tipos de câncer começam a partir de microcalcificações, ou seja, minúsculos pontos de cálcio que se vê com lupa na mamografia. Isso significa que não é possível perceber pela palpação, por isso o autoexame não substitui a mamografia. “O melhor prognóstico ocorre quando a pacientes descobre o câncer na fase não palpável. Porque indica que ele tem menos de um centímetro. A cirurgia vai ser de bom resultado e até curativa”, explica a Dra. Tânia.


O Ministério da Saúde preconiza o período para fazer a mamografia de dois em dois anos. O exame clínico todos os anos. Contudo a Sociedade de Mastologia e de Radiologia indica que em dois anos é tempo suficiente para surgir algum nódulo, portanto, a mamografia deve ser feita todos os anos.


Quando a paciente é diagnosticada com câncer, em Uberaba, é encaminhada ao Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM) ou à Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), os quais tem o setor de tratamento para o câncer genital. “Atualmente a Lei 12.732/12, conhecida como Leis dos 60 dias, garante aos pacientes com câncer início ao tratamento em, no máximo, 60 dias pelo Sistema Único de Saúde. O prazo vale para que a paciente passe por cirurgia ou inicie sessões de quimioterapia ou radioterapia,” conta a Dra. Tânia. 


Por: Gabriela Gonçalves